quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Desgarrada do Zé Gil

Pastora. Adeus Zé Gil. Onde vais com o teu cantil?
Pastor. E tu Maria da Graça. Onde vais co a tua cabaça?
Ela. Eu? Pra serra guardar o meu rebanho. E tu?
Ele. Eu também.
Ela. Ouve. Antes de irmos queres cantar uma cantiga?
Ele. Porque não? Vamos a ela.

Pastora canta:
Ao moinho do abadio.
Tu partiste uma vela.
E partiste-lhe a cabeça.
Quando ela estava à janela.

Pastor canta:
Estava atirar ao meu gado
Foi nessa maldita hora.
Pra que estava ela à janela,
Com a cabeça de fora.

Os dois dançando:
Barqueiro não paga a barqueiro,
Escuta Zé Gil tu serás um trocha.
Vai-lhe partir outro chifre,
E ficas depois com uma cabra mocha.

Pastora:
À perna da minha ovelha.
Tu com uma pedra atiraste,
E disseste à minha mãe
Que não foste tu que a quebraste.

Pastor:
E tu partiste um chifre
À minha cabra e fugiste.
E disseste ao meu patrão
Que não foste tu que o partiste.

Os dois dançando:
Barqueiro…

Pastora:
E tu domingo à tarde.
Ali naquele baldio,
Deixaste ir as ovelhas.
Para o couval do meu tio.

Pastor:
E tu lá em baixo na horta.
Digo-te isto não é por mal.
Andavas na brincadeira
E as ovelhas no couval.

Os dois dançando
Barqueiro...